O melhor da vida é tudo aquilo que nos deixa feliz, pode ser uma recordação de alguém, de um lugar, de aromas e sabores que permeiam nosso caminho...
Daquela música que faz parte das nossas memórias afetivas e não conseguimos esquecer...
O melhor da vida pode ser o convívio com a família, o encontro com os amigos, poder brincar com o seu melhor amigo de quatro patas e não perceber o tempo passar...
Cuidar de si e da própria vida, enfim... Está em tudo que permite a nossa alma sorrir...
Pensando exatamente no melhor que a vida pode nos dar, é que nasce este Blog, com a intenção de falar de tudo que possa deixar a vida mais alegre, mais leve, mais antenada, lúdica e real!!!































quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um dia na minha infância!....

Hoje me dei a permissão de voltar no tempo, na época que costumávamos passar as nossas férias na casa dos nossos avós maternos.
Quero falar de um lugar específico, chamado de Cedro por conter na época em que foi colonizado, muitos pés de  Cedro, a planta, cujo nome científico é Cedrela Fissilis. Pois bem amigos,  este lugar foi colonizado pelo meu bisavô, o senhor Joaquim da Costa Araújo de origem portuguesa, ele era pai de minha avó, a "dona Cinoca", amada e respeitada por todos até hoje, um dia falarei sobre minha avó, ela era  muito especial...
Voltemos  ao Cedro, este pequeno povoado pertencente ao Município de Humberto de Campos, no Maranhão e na nossa odisséia  para chegar lá. A viagem de São José de Ribamar, onde meus avós moravam, até o Cedro, durava 8 horas dentro de uma lancha, era uma aventura daquelas de se tirar o chapéu, tínhamos que atravessar a Baía de Ribamar, uma das mais perigosas que já ouvi falar, a lancha balançava  tanto que mais parecia um barquinho de papel no meio de toda aquela água cercada por lendas e mistérios,  de sereias e monstros, enfim... A diversão já começava na viagem!!
 Lembro dos sabores e aromas da embarcação, as frutas, o camarão sal preso, o cheiro de mar....
Geralmente chegávamos ao Cedro pela madrugada quando a lancha atracava no trapiche, é assim que as pessoas de lá chamavam o que seria uma espécie de cais, ao desembarcar, eu  já me  sentia em outro mundo...
Lá naquela época, não existia energia elétrica, estou falando de mais de trinta anos atrás, era uma escuridão só, salvo por algumas lamparinas e o velho petromax.
A nossa euforia era imensa, quem nos recepcionava era a nossa tia que morava lá, dormir era algo difícil, pois a vontade era de sair correndo, pés no chão, livre!!
Contudo, a escuridão da noite não permitia, a noite era da coruja que não parava de cantar, embalando o nosso sonho até que a manhã chegasse...
Bem cedo, a gente já se "jogava no mundo", nas brincadeiras, nas areias branquinhas deste lugar que hoje guardo em mim!..
Uma das coisas de que mais gostava de fazer,  era a de colher murici, uma frutinha  amarela, redondinha e meio ácida, mas que eu amo!! Devo confessar que eu mais comia que colhia, a minha vasilha estava sempre vazia!rsrs
Uma diversão das boas era ir até o mangue pegar carangueijos. Nossa!! Era uma aventura que eu diria, radical!... Afundávamos na lama até a cintura, tudo era farra, tudo era distração, mas pegar caragueijo mesmo é tarefa para especialista, uma tarefa difícil e muitas vezes dolorosa!
O melhor de tudo ainda estava por vir, era quando íamos até a Salina, deixada para a minha avó por seu pai, o seu Joaquim, ele foi o idealizador das salinas artesanais do Cedro. Aquele lugar era mágico... Eu ficava encantada ao ver aquela montanha de sal no paiol, a brancura do sal refletida pelo sol ofuscava a vista. Eu adorava colher o sal nos cristalizadores, que nada mais eram que quadrados feitos de madeira para represar a água do mar e fazer o sal.  O pessoal que lá trabalhava,  chamavam os cristalizadores  de "baldes". Eu amavava aquele lugar, o tempo voava  nas asas da minha imaginação, era muito bom estar lá, respirar aquele ar com gosto e cheiro de mar!
Mas eis que chega à noite e aos pés de uma grande mangueira, a conversa rolava solta, sobre as lendas e histórias do lugar e na hora de dormir o medo tomava conta, toda vez que eu lembrava de alguma daquelas histórias... Não sei explicar, mas o medo era bom!!
E quando amanhecia, começava tudo outra vez:
Era um tal de subir em árvores, tomar banho nas lagoas, escorregar nos morros de areia, catar frutas no mato, tomar banho de mar nas crôas e beber muita água de coco,  porque no Cedro o que não falta até hoje,  são coqueiros e  grande parte deles foram plantados pelos meus ancestrais.
Ah!... Foi bom voltar, deu até para sentir a brisa, o calor, o barulho do mar e a hospitalidade das pessoas simples, deste lugar chamado Cedro que tanto amo!
Abraço em todos.
Didier

4 comentários:

  1. DIDIER MINHA LINDA AMIGA,
    AMEI ESSE SEU RETORNO À INFÂNCIA: ESTÁ TÃO BEM NARRADO,QUE ATÉ CHEGUEI A VÊ-LA MENINA, CORRENDO DESCALÇA, IMAGINEI A SUA IRMÃ TAMBÉM, POR UM MOMENTO PENSEI ESTAR LÁ...AMEI AS AVENTURAS!!
    QUE LINDA QUE É A SUA FAMÍLIA, A HISTÓRIA DAS PERSONAGEM QUE A COMPÕE!!
    VOCÊ TEM UMA ALMA NOBRE PORQUE TEM HISTÓRIAS IMPORTANTES, EMOCIONANTES E MUITO AFETIVAS...ADORO SABER SOBRE SEUS FAMILIARES, LUGARES E SUAS AÇÕES...TUDO É SEMPRE APRENDIZADO, MOVIMENTADO,ILUMINADO E PRAZEROSO!!
    AMIGA, OBRIGADA POR ESSE TEXTO, MUITO LINDO, EU AMEI!!
    BEIJOS PARA VOCÊ , PARA ELIANA ,E PARA TODOS OS SEUS FAMILIARES,OS QUE ESTÃO AQUI E OS QUE JÁ ESTÃO NA OUTRA DIMENSÃO.
    CARMINHA

    ResponderExcluir
  2. QUE VIAGEM HEIM DIDIER? QUE ÉPOCA MARAVILHOSA, EU TAMBÉM TIVE UMA INFÂNCIA BÁRBARA, FUI UMA CRIANÇA MUITO AMADA E FELIZ, HOJE EU AINDA SOU FELIZ, SÓ Q HOJE PRA SER FELIZ EU TENHO QUE FAZER UMA FOOOORÇA! BEIJO QUERIDA!

    ResponderExcluir
  3. ClauDidier o que está esperando para escrever um livro de memórias?????
    O Cedro e as salinas seriam um capítulo muito interessante e poético!
    Abraços

    ResponderExcluir
  4. É filha!!! O Cedro é minha paixão!!! Não abro mão das minhas raízes;eu diria:Reminiscências da minha infância.
    Beijos.
    Inácia.

    ResponderExcluir